O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a gerar debate ao criticar, nesta semana, a operação policial realizada no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em dezenas de mortes e foi classificada por ele como “uma barbárie”. A declaração, no entanto, contrasta com posicionamentos adotados por Lula em seu segundo mandato, em 2007, quando ele defendeu publicamente uma operação semelhante no Complexo do Alemão, também na capital fluminense.
Na ocasião, a ação das forças de segurança deixou 19 mortos. Na época, Lula disse "Nessa ação de vocês (governo do Estado do Rio)no complexo do Alemão, tem gente que acha que é possível enfrentar a bandidagem com pétalas de rosa ou jogando pó-de-arroz. A gente tem que enfrentá-los sabendo que muitas vezes eles estão mais preparados do que a polícia, com armas mais sofisticadas. A gente tem que enfrentá-los sabendo que a maioria do povo que trabalha lá é de gente trabalhadora, de bem, que não pode ficar refém de uma minoria", destacou Lula.
na época, antes de ir ao Rio, o presidente já havia falado sobre violência em São Bernardo do Campo, em discurso na comemoração dos 50 anos da montadora Scania no país.
"Se o Estado não cumprir com o seu papel de dar condições ao povo, o narcotráfico dá, o crime organizado dá", afirmou. "Então, nós queremos competir com o crime organizado, na certeza de que só vamos derrotá-lo na hora em que a gente conseguir levar benefícios para dentro desses lugares mais pobres do Brasil."
As declarações de Lula reacenderam o debate sobre o papel do Estado nas ações de segurança pública no Rio de Janeiro. Especialistas apontam que o contraste entre as posições de 2007 e de agora reflete mudanças no contexto político e social do país, além de diferentes formas de compreender o enfrentamento à criminalidade. Enquanto alguns defendem operações como instrumento necessário de combate ao tráfico, outros alertam para os riscos de violações de direitos e defendem estratégias que priorizem a prevenção e a presença social do Estado nas comunidades.